Campanha Contra a Violência SexualCampanha Contra a Violência SexualA campanha SOU NTAVASE, implementada pela Associação Sócio Cultural Horizonte Azul –ASCHA em parceria com a WLSA Moçambique e o Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança – ROSC é baseada em histórias de vida de raparigas e mulheres que foram violadas sexualmente, rastreio e acompanhamento de casos de violência sexual.


Na semana passada apresentamos mais uma Ntavase. Uma menina de 13 anos, vítima de violência sexual sofrida em 2019. Os abusos sofridos resultaram em uma gravidez e posterior nascimento de um bebé por meio de uma cesariana.


Partilhamos com o estimado internauta que a vítima é órfã de pai e vive no bairro Hulene B com sua tia, primos e sobrinhos, numa casa precária onde falta um pouco de tudo. Por este motivo, pedimos o apoio do caro/a internauta a contribuir com doações para suprir as necessidades básicas da pequena mãe e do seu filho.


Esta semana, como sempre o fazemos, damos continuidade à história, com mais informações acerca das acções levadas a cabo ao longo da semana, no sentido de buscar por justiça, assistência e uma vida digna para a Ntavase e o seu bebé.


Ntavase não é só vítima de abuso sexual, é também vítima das desigualdades sociais, do fraco acesso à informação, da negligência e principalmente do sistema patriarcal que estrutura a nossa sociedade, entre outras falhas sociais.


A Ntavase é natural da Província de Quelimane e não se sabe ao certo quantos anos tem, pois logo após o seu nascimento a menina foi privada de um direito essencial, o registo de nascimento. Após o falecimento do pai, a menina foi levada pelo tio materno para Maputo.


Segundo a Ntavasse, a ideia inicial do tio em relação a sua pessoa era garantir que ela tivesse a oportunidade de ter um futuro melhor, a começar pelo acesso a educação, mas Ntavase nunca foi matriculada na escola e assim foi privada do direito a educação.


O ambiente familiar a qual vivia não era saudável. Muitas vezes, ela se deparou com a porta de casa trancada. Sem poder entrar dentro de casa para se alimentar e dormir, a única forma que Ntavase encontrou para sobreviver foi deambular pelo bairro, exposta aos perigos. E o pior aconteceu, o violador, sem escrúpulos, aproveitou-se da inocência e vulnerabilidade da menina para satisfazer os seus desejos obscenos e macabros através da força.


A menina ainda não dá os detalhes do que terá acontecido com ela. E esperamos que com o tempo ela possa se lembrar do que teria de facto acontecido nesses dias factídicos. Relatos dos familiares e vizinhos dão conta de que só se aperceberam da gravidez da pequena Ntavase no estágio já avançado, nem ela sabia o que estava a acontecer. Foi uma vizinha, enfermeira, que percebeu as mudanças no corpo da menina e de imediato alertou os responsáveis.


A enfermeira ofereceu-se para leva-la ao hospital e iniciar o pré-natal visto que já não era possível interromper a gravidez. Estimou-se que ela estaria no quinto (05) mês de gestação.


Devido à idade e condições físicas, ela foi submetida à uma cesariana. Agora, ela suporta as dores físicas e mentais, segurando o pequeno bebé de poucos dias nos seus magros braços.


Numa conversa descontraída, durante a visita efectuada à casa da menina, conseguimos roubar um sorriso da menina e ela contou-nos um pouco da sua rotina diária e de como ela cuida do pequeno filho. O semblante mudou quando falamos do que ela mais gostava de comer. Cabisbaixa, Ntavase revelou que não tem preferências, até porque ultimamente tem faltado comida. “Comemos uma vez por dia e as vezes não chega para todos”, revelou Ntavase.


Na família, composta por 7 membros, apenas uma integrante trabalha como empregada doméstica/diarista e a situação tornou-se mais complicada devido as medidas impostas para evitar a propagação da Covid-19.


Durante a visita efectuada pelas instituições implementadoras da campanha e apoiantes que se identificam com a causa, foi possível entregar à família alguns produtos doados para suprir as necessidades básicas da menina e seu bebé.


E assim, os apoiantes da causa fizeram doações de cestas básicas. De entre eles destacam-se os representantes da vereação da ação social a nível da cidade de Maputo e o Instituto nacional da Acão social (INAS), entidade responsável por implementar e promover programas de assistência social directamente a indivíduos impedidos de satisfazerem por meios próprios, temporária ou permanentemente, as suas necessidades básicas, bem como contribuir para o aumento da cobertura e protecção social básica.


Continuamos a contar com o apoio do caro/a internauta na busca pela, justiça, cuidados e dignidade das Ntavases.


𝐋𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐧𝐞𝐜𝐞𝐬𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞𝐬
• Alimentos não perecíveis
• Fraldas
• Wipes
• Pó talco
• Detergentes em pó
• Sabão Bingo
• Amaciador de roupa
• Creme ou óleo para bebé
• Roupinhas de bebé
• Mantinhas
• Roupas para a menina
• Pensos