Nos encontros tidos com os representantes das duas escolas nomeadamente, a Escola Primária Completa de Metangula e a Escola Primária de Thungo, no dia 22 de Julho de 2022, a equipa do Observatório dos Direitos das Crianças composta pela Coordenadora do ODC, Salomé Mimbir, Oficial de Advocacia e Comunicação, Francisca Noronha, acompanhados pelo Afiliado do projecto, Associação Amigos da Criança Boa Esperança (ACABE), na pessoa do Director Executivo, Victor Maulana e da Presidente do Conselho Fiscal, Victoria Alfândega e a Sentinela do Distrito de Lago e Ilda João foi manifestada por estes o desejo de que o ODC os capacitasse em direitos das crianças para melhor atender aos petizes.
Nestas reuniões os Directores destas escolas manifestaram a sua preocupação em relação à situação de pobreza extrema em que muitas crianças e suas famílias se encontram. A título de exemplo, a Escola Primária de Thungo, que tem 1472 alunos, regista casos de desistência escolar devido à falta de material escolar como uniforme, livros, cadernos, lápis e esferográficas.
O Director desta Escola, Ernesto Ndala, explicou ainda que há também casos de crianças com deficiência cujos parentes têm tido a árduo tarefa de carregá-las nas costas diariamente devido a sua condição para assistirem às aulas. O mesmo contou que o edifício da escola não foi concebido para receber crianças com deficiência, pelo que solicitou o apoio do ODC a assistir a esta criança em particular, para reduzir o seu sofrimento, bem como, da sua família que tem percorrido longas distâncias para trazer o seu filho à escola.
No que se refere a situação de Uniões Prematuras, Gravidezes Precoces, Assédio e Abuso Sexual, às direcções das escolas informaram que neste ano de 2022 até então, não registaram nenhum caso, pelo que pedem o fortalecimento de conhecimentos nestas matérias por reconhecer que há muitos casos desta natureza em outras escolas, e por isso, reconhecem a importância da sensibilização e consciencialização, mas, mais importante ainda, é capacitar os estudantes para que repliquem os conhecimentos adquiridos aos outros estudantes.
A terminar a Coordenadora do ODC, Salomé Mimbir, afirmou que o ODC pretende compreender melhor o fenómeno do abandono escolar, pelo que serão realizadas pesquisas, consultas e sondagens para a melhor interpretação da realidade da criança no que concerne ao acesso a educação para a produção de relatórios que possam informar o governo para a tomada de medidas para a melhor responder a estes desafios.
O ODC é produto do projecto “A minha Voz Conta” uma iniciativa do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança (ROSC) e do Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), em parceria com a Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Mulher (MALHALHE), Associação de Protecção à Criança de Sofala (SOPROC) e a Associação Amigos da Criança Boa Esperança (ACABE) como afiliados, com o apoio da União Europeia (EU), cujo objectivo consiste em melhorar a transparência, responsabilização e a prestação de contas dos actores estatais, das Organizações da Sociedade Civil (OSC) e do sector privado no que concerne aos compromissos assumidos na área dos direitos e bem-estar das crianças e das raparigas em particular através do Observatório dos Direitos das Crianças (ODC) ora lançado no mês de Junho de 2022.