Raparigas e mulheres do Distrito de Ancuabe relataram durante a formação que decorre desde o dia 12 deste mês que quando saem dos ritos de iniciação dizem " Makhanta" o que quer dizer já tens o certificado, não espere que eu vá te sustentar.. diz uma das formandas.



Os pais incentivam as filhas a ir buscar sustento se envolvendo com homens, sobretudo estrangeiros porque pensam que estes têm muito dinheiro - acrescentou outra.

O grande problema da cerimónia "Ritos de Iniciação" é que dizem que já és crescido e já podes fazer as suas despesas... Alguns ainda dizem que, mesmo que tenha três (03) homens, cada um deles pode custear as suas despesas. O grande problema é que as consequências disso são gravidezes precoces, doenças como HIV/SIDA e se o homem aceitar a gravidez termina em união prematura - Fundamentou outra.

Como forma de seguimento, as formandas propuseram-se trabalhar com pais e encarregados de educação de modo a sensibilizá-los e consciencializá-los dos males que advêm destas práticas que muitas vezes se tornam nocivas e prejudiciais, pois podem coagir as filhas a se unir prematuramente.

"Muitos pais dão exemplo das nossas irmãs que terminaram a 12ª classe e não estão a fazer nada e no fim tiveram que se casar" - acrescentou uma das participantes.

Ao longo da formação às raparigas elencaram a pobreza/ falta de alternativa, a ausência de uma faculdade e empregos para raparigas que terminam a 12ª classe como um dos factores que também contribui para o alto índice de uniões prematuras e gravidezes precoces no distrito.

No segundo período da sessão, se incidiu sobre o fluxograma de atendimento e encaminhamento às vítimas de violência baseada no género às autoridades competentes, onde o Director dos Serviços Distritais de Género, Criança e Acção Social, Dr. Sérgio Cuambe, desafiou as raparigas a mudarem a situação das raparigas nas suas comunidades através de sensibilização, da divulgação dos direitos e leis aprendidos durante a formação.

No final da sessão houve atribuição de onze (11) telefones celulares a 11 raparigas das comunidades do Distrito de Ancuabe para que apoiem na denúncia e resolução de casos de violação dos Direitos Humanos das Mulheres e Raparigas no Distrito de Ancuabe.

De referir que estas actividades decorrem no âmbito do projecto “Esperança para Cabo Delgado" e conta com apoio da Fundação Aga Khan Moçambique.

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