No âmbito do Programa ALIADAS, o Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança ROSC participou nos dias 03 e 04 de Agosto de 2022, do Bootcamp para reflectir em torno do surgimento do Feminismo Africano, mais concretamente do “Feminismo em Moçambique''. O Bootcamp foi realizado via Plataforma Zoom e contou com a participação de colectivos das regiões Sul, Centro e Norte de Moçambique.


Durante as reflexões aguerridas e bastante proveitosas de dois dias, foi possível constatar que o Feminismo em Moçambique teve a sua génese em três momentos: Pré‐colonial, Luta de Libertação e Pós independência, onde verificou-se que as mulheres começaram a ganhar consciência de que elas poderiam ter os seus direitos respeitados apesar de estar numa sociedade patriarcal, onde o homem desde a nascença já possui certos privilégios.

Constatou-se ainda que, durante a luta de libertação nacional contra o colonialismo português, as mulheres formaram uma frente de Guerrilheiras que se juntaram aos homens para defender a pátria e libertar o país do jugo do colonialismo.

E com o decorrer do tempo as mulheres foram se tornando mais conscientes de que eram detentoras de direitos e opiniões e, começaram a questionar o sistema patriarcal e a assimilar que era necessário existir uma igualdade de direitos entre as mulheres e os homens.

As participantes verificaram ainda que há necessidade de se revitalizar e fortalecer os movimentos de mulheres para melhor intervir em assuntos mais relevantes do país, através de intervenções em todos os níveis e espaços.

Surgiram mais indagações em torno "o que é conhecer este conceito de Feminismo e se ele existe em Moçambique?” As participantes foram unânimes em afirmar que o Feminismo em Moçambique existe sim, mas que existe de forma tímida e há uma necessidade urgente de torná-lo mais real na vida quotidiana, nas escolas, no trabalho e acima de tudo, na família. Também pediram que houvesse mais abertura e quiçá que as discussões saídas de fóruns como os Bootcamps e outros pudessem ser repassados para fora e que se houver mais encontros como estes esperava-se que viessem outros participantes diferentes dos habituais.

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Já no segundo dia, os participantes foram convidados a reflectir nas questões: a) Que estratégias que poderiam ser usadas para fortalecer o feminismo e encorajar os movimentos nas lutas feministas; b) Que práticas de relações de poder precisam de ser revistas para aumentar a sinergia e união das mulheres; c) Que práticas e cuidados queremos cultivar e porquê?

Destas perguntas saíram importantes reflexões em torno destes questionamentos e passamos a enumerar:
• As políticas do feminismo tem que ser vistas de forma integrada para todos órgãos e instituições;
• Maior divulgação do que é feminismo e continuar a fazer campanhas, debates e mobilização ao nível da Media e envolver os homens nestes encontros por forma a que se transformem e mudam de comportamentos;
• Robustecer os movimentos feministas e apregoar o feminismo na nossa fala, no vestir e angariar seguidores para que se possam replicar o feminismo em várias esferas;
• Desconstruir e quebrar o conceito dos mais antigos nas lides do feminismo, pois não existe as mais conhecedoras ou as mais antigas e com mais experiências;
• Necessidade de ser mais aglutinadoras e não essenciais com intuito de trazer e promover a mudança social;
• Popularizar mais o Feminismo através de marchas, fogueiras feministas, feiras solidárias e a criação de práticas artísticas;
• Actuar para criar espaços para que os novos rostos apareçam e possam contribuir com mudanças significativas.

Memorar que o Programa ALIADAS é Implementado pelo Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil - CESC e é financiado pelo Alto Comissariado do Canadá em Moçambique.

 

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